POEMA

 

 

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BIOGRAFIA

RELATÓRIO

 

A CHÁCARA DO CHICO BOLACHA

          

Na chácara do Chico Bolacha  o que se procura nunca se acha

Quando chove muito Chico brinca de barco

Porque a chácara vira um charco.  

Quando não chove nada Chico trabalha com a enxada

E logo se machuca e fica de mão inchada.

Por isso, com o Chico bolacha,

O que se procura

Nunca se acha.     

               

Dizem  que na chácara do Chico,

Só tem mesmo chuchu

E um cachorrinho coxo

Que se chama caxambu


 

É preciso não esquecer nada

 

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

(1962)

 


 

De um Lado Cantava o Sol

 

De um lado cantava o sol,

do outro, suspirava a lua.

No meio, brilhava a tua

face de ouro, girassol!

 

Ó montanha da saudade

a que por acaso vim:

outrora, foste um jardim,

e és, agora, eternidade!

 

De longe, recordo a cor

da grande manhã perdida.

Morrem nos mares da vida

todos os rios do amor?

 

Ai! celebro-te em meu peito,

em meu coração de sal,

Ó flor sobrenatural,

grande girassol perfeito!

 

Acabou-se o jardim!

Só me resta, do passado,

este relógio dourado

que ainda esperava por mim . . .